Em uma de minhas visitas a Vila das Artes, no bairro São Francisco, na Grande Jacaraípe, Serra, ganhei de Agda Matos, artesã que faz belas bonecas de pano em seu atelier Bonequinha de Pano, uma abayomi que guardo com muito carinho após conhecer sua origem e representações.
Essa bonequinha de pano, concebida de forma artesanal, muito simples, feita a parir de retalhos e somente com nós, sem uso de cola ou costura, encanta por seu contexto histórico.
De origem iorubá, abayomi significa encontro precioso: abay = encontro e omi = precioso ).
Elas foram criadas na época da escravidão, nos porões imundos e desumanos dos navios negreiros onde as mulheres negras, sem nada além de um pedaço de pano que rascavam de suas saias, confeccionaram essas bonequinhas para acalmar e trazer conforto e alegria para as crianças. Assim, as abayomi representam simplicidade, alegria, generosidade, afeto, o fortalecimento da auto-estima e o reconhecimento da identidade afro-brasileira de negros e descendentes, um simbolo de superação da desigualdades de gênero.
Recentemente um episódio lamentável ocorreu no Centro Municipal de Ensino Infantil (Cmei) Professora Cida Barreto, na capital (Vitória) onde um pastor pediu que a creche retirasse da parede um painel que continha uma boneca negra por considerar ser um "simbolo de macumba". Segundo o pastor João Brito, da Igreja Evangélica Batista de Vitória, a boneca era um “símbolo de macumba por se originar de uma religião africana”.
Na verdade tratava-se de um trabalho confeccionado por uma professora que leciona sobre as culturas africana e afro-brasileira. O obra faz parte do projeto Abayomi, do programa institucional da escola “Diversidade”, que trata da questão étnica-racial.
A impensada e equivocada atitude do religioso causou muita indignação e a sociedade já agendou um protesto contra o racismo, mais do que justo, que acontecerá no próximo dia 24, com concertação prevista em frente ao Supermercado EPA, de Jardim da Penha, às 9h30,
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