Mistérios e Segredos do Sítio Casarão

Mystery and Secrets of the ranch townhouse

domingo, 16 de outubro de 2016

JORNALISMO BRILHANTE. IMPORTADO.


Por Kleber Galvêas, pintor. 
        Tel. (27) 3244 7115 

Século XXI. Um importante jornal de Boston, EUA, foi vendido para um grupo internacional. Na primeira reunião com os jornalistas, o novo editor, vindo de Miami, tem sua atenção despertada pela investigação da Equipe Spotlight daquela redação.

Durante 20 anos o jornal recebeu cartas denunciando problemas nas paróquias de Boston, e pequenas matérias estampadas caçavam as vespas. O novo editor levou o caso a sério e enfrentou o sistema que propiciava os eventos: não caçou as vespas, atacou o vespeiro.

O primeiro encontro do novo editor com o Arcebispo de Boston, segundo o filme Spotlight (que inspirou este texto) foi assim:

Arcebispo – Acho que uma cidade prospera quando as grandes instituições trabalham juntas.

Jornalista – Um jornal para funcionar bem precisa ir sozinho.

Arcebispo – Claro.

Jornalista – Sou da opinião de que um jornal só desempenha bem suas funções se for independente.

Arcebispo – É claro, mas a minha oferta (trabalhar junto) continua de pé.

Os jornalistas protagonistas em Spotlight são frutos da escola americana que, desde os anos 1960, deixou de ser reprodutora de conhecimentos (informativa) e passou (em todos os níveis) a ser geradora de novos conhecimentos (formativa) e a valorizar a identidade. As crianças são orientadas para conhecer, compreender, aplicar, analisar, sintetizar, avaliar, escolher e agir.


Na nossa mídia, nós temos vários profissionais vocacionados, preparados e muito competentes. O problema é o sistema? O Art. 215 da nossa Constituição diz: “O Estado... apoiará e incentivará a valorização e difusão das manifestações culturais.” O Art. 216 § 3º diz: “A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais.” Essa obrigação constitucional do Estado e moral da Mídia não é cobrada, resultando em prejuízo: financeiro e ético para a mídia; artístico, para agentes culturais (não existe arte sem público); e em déficit de informação para todos.

Na globalização são os diferentes que somam, e os benefícios são proporcionais à contribuição dada. Como contribuir, de uma maneira sustentável, se não cultivarmos nossa identidade e ignorarmos nossa vocação? Um povo sem identidade é facilmente manipulado. Será essa a intenção?

O silêncio dos jornalistas profissionais a respeito da quase extinção, sob seus olhos, das editorias de cultura nas nossas mídias, indica que alguma coisa anda errada, pois a cultura é o que move o indivíduo para além da indiferença. 

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