Pilhas de carros esmagados em um local de reciclagem de metais em Belfast, Irlanda do Norte. Foto: Alamy. Fonte: The Guardian |
A citação acima faz parte do texto “Crescimento: a única saída”, do economista Edson Franco, publicado no jornal Estado de São Paulo, e apresenta o que temos defendido, desde o início de nossa luta pela preservação do Sítio Casarão e criação, no local, do Parque Urbano Social, Cultural, Ambiental e Turístico, nas reuniões de conselhos municipais e estaduais e nas audiências públicas.
É fato que nossos gestores, equivocadamente, adotam em suas gestões e em seus programas de governo o desenvolvimento econômico focado
apenas na necessidade do crescimento econômico ilimitado, como única alternativa para a solução de diversos problemas sociais que estão nos conduzindo ao caos, ignorando as
limitações dos recursos naturais do planeta e outras possibilidades
de desenvolvimento. Dessa forma, aprofundamos ainda mais no abismo no qual já fomos
lançados, reiterando os problemas já existentes e, até mesmo, criando
outros problemas graves e irreparáveis.
Como exemplo desse equivoco sempre citamos a nossa cidade, Serra, localizado na Região Metropolitana de Vitória, no Espírito Santo, por apresentar potenciais que, nas mãos de bons gestores públicos, tornariam o município em um dos melhores para se viver. Vale destacar que na Serra, essa visão equivocada de se promover o crescimento e desenvolvimento econômico, atraindo grandes indústrias e portos é adotada pelos gestores públicos que sempre se mantêm no poder, numa infinita ciranda politiqueira, que parece não ter fim.
A Serra é:
1) O maior município da Grande Vitória, com área de 547 km²;
2) O município mais populoso do estado, com quase 500 mil habitantes, e está entre os 50 municípios mais populosos do Brasil, ocupando a 24ª posição entre as cidades que não são capitais e a 45ª, se incluído as capitais (Fonte: IBGE);
3) É 2º município mais rico do Estado;
4) Possui eficiente logística e completa infraestrutura, integrando ferrovia, rodovias, e conectividade com os principais centros econômicos do país;
5) É o principal polo industrial do Espírito Santo, dispondo de 10 polos empresariais/industriais;
6) Possui 23 km de litoral, divido em cinco balneários e possui diversos rios, córregos e lagoas que formam um conjunto hidrográfico de grande importância e beleza;
7) Abriga
patrimônios jesuíticos, ruínas históricas, áreas de proteção ambiental e
natureza exuberante e privilegiada pela mistura de mar, lagoas, serras e
vales;
8) Possui um dos maiores centros comerciais do Estado e, em 2007, o bairro Laranjeiras atingiu o status de o metro quadrado comercial mais caro do Espírito Santo;
9) A cidade recebeu, nos últimos anos, diversos empreendimentos imobiliários (condomínios residências fechados, de alto padrão e grandes empreendimentos comerciais como shoppings).
Apesar disso, a Serra, segundo o Mapa da Violência 2014, é apontada como a segunda cidade mais violenta do Estado e está entre os 100 municípios mais violentos do país. Com tantas riquezas, a cidade não possui espaços adequados que contribuam com a qualidade de vida de seus moradores e possibilitem o desenvolvimento social, cultural e turístico, como teatros e parques. Os munícipes são dependentes da capital para a realização de diversas atividades de lazer e apreciação de ações culturais e esportivas. O truísmo, por falta de investimentos ao longo dos anos, foi prejudicado e as praias, bem como as reservas ambientais, estão sendo destruídas e ocupadas irregularmente sem interferências e atenção do poder público. A mobilidade urbana só piora com o crescimento desorganizado e a ausência de ações públicas paralelas, sofrendo com a paralisação do trânsito e, consequentemente, resultando no desperdício de tempo, combustível e acarretando problemas ambientais com a poluição atmosférica. O conceito de mobilidade urbana sustentável, que envolve a implantação de sistemas sobre trilhos, ônibus "limpos", com integração a ciclovias... mal existem na teoria. Considerando esse quadro, como explicar tanto potencial e riquezas com tantos problemas e deterioração da qualidade de vida? Que desenvolvimento é esse que os gestores públicos defendem? Como pode uma cidade crescer com qualidade se o desenvolvimento promovido traz mais destruição e problemas do que soluções?
Segundo a pesquisa "Economia e Turismo - Uma perspectiva macroeconômica 2003-2007", realizada pelo Ministério do Turismo em parceria com o Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o TURISMO responde por R$ 168 bi e o desenvolvimento turístico é um dos fatores que influenciam diretamente na evolução de um país.
Ainda conforme a pesquisa, em 2007 o valor da produção das atividades características de turismo no Brasil representou 3,6% da produção total da economia. Entre as atividades com maior destaque estão:
Alimentação: R$ 67,5 bi;
Transporte rodoviário: R$ 32,4 bi;
Atividades recreativas, culturais e desportivas: R$ 22,4 bi.
Diante disso é, no mínimo, contraditório e estranho um município com tantos potenciais não ter uma excelente qualidade de vida. Lutamos para isso e não somos vinculados a nenhum partido político e não ocupamos cargos públicos ou comissionados. Somos cidadãos indignados e conscientes de que precisamos promover mudanças na gestão pública, extinguindo as velhas raposas politiqueiras que se perpetuaram no poder.
Assim, o texto “Crescimento: a única saída” vem ao encontro do que sempre defendemos e vale a penas ser lido na integra (clique AQUI)!
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