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Igreja São José, de 1984. |
O Sítio histórico de Queimado, onde aconteceu,
no século XIX, a mais importante revolução abolicionista do Espírito Santo, localizado
no município da Serra, no Espírito Santo, foi doado para a prefeitura.
A
propriedade, que antes era particular, possui as ruínas da igreja São José,
que foi o principal motivo da insurreição, pois na
época os escravos receberam a promessa de serem libertados se concluíssem a sua
construção, o que não ocorreu. Os 300 escravos que trabalharam na obra, liderados
por Chico Prego, iniciaram
o episódio que ficou conhecido como a Insurreição de Queimado. Várias tropas,
de todas as partes do Brasil, foram enviadas para conter a revolta, massacrando
os insurgentes.
A doação foi condicionada
a um prazo de cinco anos para que a prefeitura recupere o local. Caso isso
não ocorra, o terreno
retorna ao seu antigo dono.
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A igreja resistindo ao descaso do poder público... |
Em entrevista, o prefeito da Serra, Audifax Barcelos, disse que já existe um
projeto e que busca parcerias para restaurar o sítio histórico dentro do prazo proposto.
Na
última terça feira, representantes do Conselho
do Negro
estiveram presentes na reunião do Conselho Municipal de Cultura da Serra para,
juntos, cobrarem das autoridades públicas a realização das obras de recuperação
e restauro do Sitio de Queimado.
A luta pela preservarão
desse importante patrimônio histórico é antiga. As ruínas da igreja, de 1984, estão
prestes a ruir e isso só não aconteceu porque foram “contidas” com cabos de aço.
Desde 1997, a Serra vem sendo
governada por apenas dois candidatos que se revezam no poder. Já são quase 20
anos de revezamento e o segundo município mais rico do estado e o mais populoso
se quer possui um teatro. Além desse absurdo, a cidade sofre por se destacar
como a mais violenta do estado e uma das mais violentas do país.
Em
2011, a ministra da Igualdade Racial, Luiza
Bairros visitou as ruínas e manifestou o interesse da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) em contribuir com a sua preservação.
Na época a ministra disse que recuperar esses sítios históricos não era somente
um ato de preservação da história, mas também a atualização da luta do povo
negro e recebeu um Estudo Arqueológico e
Histórico do Sítio de Queimado encomendado pela prefeitura da Serra à Fundação Ceciliano Abel de Almeida. O
documento detalha a história do local e prevê ações de restauro das ruínas. Nesse
ano, o município estava na gestão do ex-prefeito Sérgio Vidigal.
De lá pra cá, o sítio histórico continua abandonado
e a cada dia mais destruído, resistindo ao descaso do poder público e suas falácias.
Vale lembrar que os dois gestores, perpetuados no
poder, ignoram as reivindicações mínimas que são feitas pelo Conselho Municipal
de Cultura, incluindo até a prestação de contas dos gastos realizados. A contagem regressiva para o restauro e a preservação
desse importante patrimônio histórico começou. Será que no prazo de cinco anos a prefeitura fará alguma
coisa ou o terreno voltará para o seu antigo dono, ficando essa história preservada
apenas nas páginas dos livros?
Diante de tanto descaso, só nos resta torcer para
que a classe artística e a sociedade se manifestem nessa importante luta. Mudar
é preciso e não podemos continuar entregando nossas riquezas nas mãos de
gestores que, faz tempo, já provaram que não administram a nossa cidade, o
nosso estado e país respeitando o interesse público. Ignorar os Conselhos e as manifestações
da sociedade civil é desrespeitar a democracia e os votos de confiança
depositados nas urnas. Temos o poder de mudar isso e acabar com a reeleição das
velhas raposas é a nossa única saída.
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