Mistérios e Segredos do Sítio Casarão

Mystery and Secrets of the ranch townhouse

segunda-feira, 13 de maio de 2013

GANHAM OS CARIOCAS, PERDEM OS CAPIXABAS!

Museus, independente de suas características, são locais de disseminação de conhecimento, descoberta de novos saberes e de reflexão. Acima de tudo, são centros de memória e de perpetuação do conhecimento


Cláudia Carvalho, diretora do Museu Nacional/UFRJ.


Por: Ádson Lima

O povo capixaba não pode ser coniventes com a omissão do poder público e permitir que um importante patrimônio histórico deixe o nosso Estado. Estamos fazendo a nossa parte e disponibilizando o Sítio Casarão para instalação do Museu das Grandes Guerras na Grande Vitória

Uma oferta foi feita e o museu ´pode ser levado para o Rio de Janeiro: ganham os cariocas, perdem os capixabas.

Estive em Afonso Claudio no último fim de semana participando do 4º Encontro Estadual de Cineclubes do Espírito Santo. Entre uma conversa e outra descobri que o Museu das Grandes Guerras, localizado nas proximidades, estava à venda. 


Imagem da Internet

Sempre tive a curiosidade de conhecer o local e a notícia de que podemos perdê-lo me deixou preocupado. Assim, programei de imediato minha ida ao local para apurar melhor essa história. 

O Museu das Grandes Guerras fica na estrada que liga Afonso Cláudio a Laranja da Terra, no km 6, da ES-165, exatamente na região do imponente e belo Pico dos Três Pontões, com seus 1.300m de altitude, distante 4km da sede do município e símbolo da cidade. O pico compõe um cenário que encanta os turistas e os praticantes de esportes de aventura.

Chegando nesse paraíso fui até o museu sendo recebido por um jovem que se identificou como Nilson, enteado do proprietário que, com ajuda da mãe, Dalva Kempin, recepcionam e guiam os turistas. A primeira vista o museu chamou minha atenção, pois não imaginava que o acervo fosse tão significativo e organizado.


Imagem da Internet
Após alguns minutos, surge o proprietário: um senhor com traços germânicos e bem a vontade já que o museu é no quintal de sua residência. Era Rolf Hoffman, alemão que está no Brasil há 8 anos e quem trouxe, da Áustria, o museu. Seu avô participou da Primeira Guerra Mundial e o seu pai da Segunda. Talvez isso explique por que é tão aficionado pelas histórias de guerra.


Cumprimentei-o e expressei a minha admiração com o espaço, sendo interrompido por Nilson que informou que ele não fala português. Mas tudo bem, o jovem traduziu minhas primeiras falas e, meio desconsertado, continuei o diálogo tendo o enteado como tradutor.


Rolf e sua família cuidam do museu e recepcionam os visitantes. Ele é que detém o conhecimento sobre cada item exposto e com a ajuda da esposa e do enteado, seus interpretes, esclarece as dúvidas e fornece informações aos visitantes.


Imagem da Internet


O museu possui um acervo com mais de 1.500 peças retratando as grandes guerras da metade do século XX, são veículos, documentos, fotos, medalhas, mapas, equipamentos bélicos e utensílios de combate e mais de 60 bonecos em tamanho natural, trajando fardas originais e bem preservadas representando grandes personagens da história como Napoleão, Frederico (O Grande) imperador prussiano, Hitler... É um acervo fascinante. Além disso, o visitante pode adquirir, na lojinha do museu, objetos de guerra, utensílios europeus da primeira metade do século XX e outros de regiões históricas, com destaque para os da Pomerânia (a região abriga uma comunidade que preserva fortemente a sua cultura) e esculturas feitas pelo próprio Rolf.


O museu é uma rara oportunidade para ver e sentir a realidade de uma guerra e suas conseqüências. O peso dos artefatos e armamentos, que os jovens soldados carregavam nos campos de batalha, são incrivelmente pesados, grande parte em ferro fundido, o que exigia, além da coragem e resistência física, muita força para serem transportados. A maioria dos objetos foi retirada dos campos de batalhas.


SOBRE A VENDA DO MUSEU


Imagem da Internet

Conforme apurado, Rolf pretende voltar para a Áustria e, para isso, colocou a venda sua propriedade de 30 mil metros quadrados que além da residência e uma lanchonete abriga também o museu. Segundo o enteado, a saúde e a não valorização da cultura no Brasil seriam um dos motivos que fizeram com que o seu padrasto decidisse retornar para a Alemanha. “Aqui (no Brasil) as pessoas não valorizam os museus, acham os ingressos caros e meu padrasto foi perdendo a motivação”, disse.

Rolf pretende vender o acervo completo para quem desejar manter o museu, seja adquirindo a área total onde se encontra ou para ser instalado em outro local o que, de certa forma, me confortou, pois considero o legado de Rolf importante para a educação, historiadores, pesquisadores e para o turismo capixaba.

O Secretário de Cultura de Afonso Claudio, Paulo Falqueto, reconhece a importância do museu e lamenta a possibilidade do município perdê-lo. Segundo informou, torce para que, juntamente com o estado, vislumbrem uma solução para preservá-lo. Paulo informou ainda que até o momento as alternativas estudadas não foram possíveis de serem realizadas por falta de recursos e de questões burocráticas e administrativas para aquisição do acervo, mas que buscam uma solução.




PROPOSTA PARA SALVAR O MUSEU


Imagem da Internet

É fato que Rolf construiu um legado importante, preservando a história e permitindo a nossa proximidade com fatos históricos. Os museus são centros difusores de conhecimentos sobre o mundo e as sociedades e possibilitam o contato dos visitantes com um universo de informações e conhecimentos produzidos pela humanidade. Museu não são apenas coleções de objetos antigos, representam uma fonte inesgotável de pesquisa para historiadores, antropólogos, arqueólogos, museólogos e, em geral, nascem do estudo desses atores e permitem, aos educadores, estudos interdisciplinares que fomentam discursos a partir dos itens expostos. É um instrumento importante também para o turismo. 

Intrigante e fantástico, o Museu das Grandes Guerras edificado por Rolf insere o visitante em um ambiente que conhecemos por meio dos livros de história, filmes e documentários. 

A guerra não deveria ser opção para os conflitos, mas dentro do contexto em que ocorreram minorias no poder decidiam pela maioria, enviando jovens para combates sangrentos. Muitos foram e não retornaram ou ficaram com sequelas e traumas. Cada soldado é um herói, voluntário ou não, que defendeu concepções que não eram suas. Muitos mal compreendiam as causas. Mas a guerra é uma obrigação, um dever do cidadão que deve matar ou morrer por seu país. Recusar-se a lutar é crime de deserção e o direito militar é severo, rígido. A deserção, conforme a situação, é punida com a pena de morte, grau máximo, ou reclusão de vinte anos, grau mínimo (Art. 392, Código Penal Militar). Assim, todo militar já é uma vítima obrigada a matar ou morrer e entrar para a história como herói ou vilão. 

O Grupo de Desenvolvimento Humano e Ambiental Instituto Goiamum, que desde o final de 2009 luta em defesa da preservação da área do Sítio Casarão e criação do parque urbano social, cultural, ambiental e turístico no local  coloca paraanálise e arpeciação do Governo do Estado e da Prefeitura Municipal da Serra a possibilidade de instalação do acervo do Museu das Grandes Guerras no suntuoso casarão, com seus mais de 1500m2

A Associação dos Ex-Combatentes do Espírito Santo, que lutam para salvar a história da participação dos capixabas na Segunda Guerra Mundial, considera importante e defende a preservação do Museu das Grandes Guerras no Estado e a sua instalação na Grande Vitória, principalmente por já dispor de uma edificação como o misterioso Casarão que, pelo seu legado imagético, estaria vinculado ao contexto das guerras.     

Torcemos para que Rolf consiga manter o seu legado em nosso Estado, seja em Afonso Cláudio, na Serra ou em outro município, contribuindo para o nosso desenvolvimento cultural e turístico.


UMA ÓTIMA OPÇÃO PARA OS VISITANTES


Quem desejar conhecer o Museu das Grandes Guerras poderá se hospedar na chácara que fica em frente e que pertencente a família. O local conta com uma casa mobiliada que abriga até 10 pessoas com diária a R$ 35,00 (por pessoa), sem opção de café da manhã e almoço. A diária inclui ingresso para o museu e para pescar no açude.

Onde fica, como chegar e contato:


Endereço: ES 165 (estrada para Laranja da Terra), s/n (antes de Serra Pelada)

Preço: R$ 7,00
Opção para hospedagem: casa mobiliada, em frente ao Museu. Diária: R$ 35,00 (por pessoa), inclui ingresso para o museu e pescaria no açude.


Horário de Funcionamento do Museu: Sábados, domingos e feriados, das 9h às 18h. Grupos podem agendar a visita, por telefone.


Telefone: (27) 9807-6376.

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