Incrível como cidadãos, voluntariamente equivocados ou manipulados, insistem em propagar um discurso implantado pelas facções criminosas para anular mais de 54 milhões de votos por meio do impeachment da presidenta.
Tal discurso ancora-se na premissa de que os PTralhas são responsáveis pela, e por todas até então, situações calamitosas e caóticas que passamos.
Antes dos PTralhas o povo brasileiro já vem sendo extorquido e saqueado desde o Século XVI, ou seja, desde os tempos do império, ainda no período de nossa colonização. Um bom exemplo, perpetuado em nosso calendário, é o dia 1º de Abril que não é apenas um feriado para descanso da nação e sim uma data para não esquecermos da execução de Tiradentes que combatia a exploração, corrupção e injustiças promovida pelos poderosos. O dentista certamente não era PTralha e nem tão pouco o coronel Joaquim Silvério dos Reis, delator que entregou os inconfidentes mineiros. No entanto, Tiradentes era o pobre do grupo sendo o único condenado a pena de morte.
Em seu brilhante texo "A Breve História da Corrupção no Brasil", a Profa. Dra. Rita Biason, do Departamento de Relações Internacionais, UNESP - Campus Franca, apresenta as imundices do nosso passado que inicia-se no período da colonização portuguesa onde encontramos registros dos primeiros atos ilícitos praticados por aqueles que deveriam combate-los. Funcionários públicos, fiscalizadores de crimes contra a coroa portuguesa, se corrompiam por conta da função. Repare que dos primórdios até hoje em dia a relação fiscal e propina parecem "andar de mãos dadas". Do outro lado, tendo burlada a sua autorização, o rei de Portugal no fundo se beneficiava com praticas contrabandistas e propinas. Não atoa o comércio ilegal de pau-brasil era intenso e constante, além das especiarias, tabaco, ouro e diamante.
A corrupção manteve-se como promissora na máquina pública e cada vez mais seduzia o funcionalismo, em especial os que detinham o poder da caneta nas mãos, o controle e a fiscalização. De 1580 até 1850 autoridades politicas ignoravam as leis e se beneficiavam com o trafico de escravos e a, já proibida, escravidão. Subornos e propinas eram lucrativos para as partes envolvidas. O descaro era tanto que autoridades internacionais denunciavam a omissão do governo brasileiro.
Em 1822, com a instauração do Brasil República, surgem novas formas de corrução: a eleitoral e a de concessão de obras públicas! Lembra ou já ouviu falar do voto de “cabresto”? Esse predominou (e ainda predomina em algumas regiões do país) durante a República, proclamada em 1889. Os poderosos coronéis impunham em quem seus empregados e dependentes votariam. Além dessa imposição, tinha também o voto comprado ou trocado por favores, benefícios... Tão familiar isso, não?
A corrupção provocou e provoca relevantes violações dos princípios democráticos brasileiro e a fraude eleitoral garante, há anos, a perpetuação de velhas raposas no poder.
Atribuir toda a culpa da atual situação econômica aos PTralhas é, de certa forma, burrice. E não se trata de defender esse partido que representa hoje uma grande decepção nacional.
A crise, antes de ser econômica, foi politiqueira e causada por essa que sempre envolveu disputas e negociatas de ministérios, presidências, diretorias, secretarias... um bando de oportunistas defendendo cargos e salários milionários, com privilégios abusivos.
A corrupção, há tempos, deixa rombos no serviço e orçamentos públicos e possibilidades e oportunidades para mega esquemas ilícitos que, inevitavelmente, teríamos hoje uma realidade econômica e politica diferente da que se tem. Em 1950 ocorreu um episodio famoso que ilustra bem o quanto o cenário politico brasileiro já era consideravelmente corrompido.
O politico paulistano, Adhemar de Barros, adotava uma forma de administrar bem semelhante a de Paulo Maluf "Rouba, mas faz!”. Cifras milionárias eram depositadas em sua "caixinha", oriundas de troca de favores de bicheiros, empresários, empreiteiros... que, como hoje, desejam receber privilégios e benefícios político. Tal pratica lhe garantiu uma fortuna que o oportunista tinha em casa, só para despesas pessoais, 2,4 milhões de dólares. Isso em 1950 e, só para constar, ainda não existiam PTralhas.
O caso Morel
..............O crime da mala
..........................Coroa-Brastel
.............................O escândalo das jóias
................................................E o contrabando
....................................................E um bando de gente
..................................................................Importante envolvida.
(Trecho da música Alvorada Voraz, da RPM - 1986)
No trecho da música "Alvorada Voraz", da banda de rock Rotações por Minuto, mais conhecida como R.P.M, do album Rádio Pirata de 1986 (acima) foi citado um dos grandes escândalos da época militarista, ocorrido nos anos 80: o caso Coroa- Brastel (corretora de valores) que envolve ações corruptivas como trafico de influencia, desvio de verbas e impunidade com "um bando de gente importante envolvida..." Além desse, tivemos também o escândalo na Capemi (Caixa de Pecúlios, Pensões...) dirigido por militares.
No elenco desses escândalos personas conhecidas e bem atuantes no cenário politico atual, como o ex ministro Delfin Netto que, na ocasião, era Ministro da Fazenda.
Findado o período militar (1985), a campanha das Diretas-Já (1984) recolou os civis como coadjuvantes do sistema presidencialista. No entanto, mudou-se o sistema mas manteve-se as velhas raposas e suas praticas corrompidas. Consequentemente, a corrupção escancarada prevaleceu e chegamos no impeachment do presidente Collor graças as ações torpe e episódios sortidos na Casa da Dinda e o esquema PC Farias (Paulo César Siqueira Farias era empresario e foi tesoureiro da campanha de Collor e do seu vice, Itamar franco). No emaranhado de denúncias, não faltaram apelos para forças ocultas envolvendo sacrifícios de animais em rituais de magia negra, esses confirmados em detalhes no livro de sua ex esposa e primeira dama, Roseane Collor.
Por incrível que pareça o ex-presidente impeachmado Fernando Collor de Mello é SENADOR e foi recentemente aclamado presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).
Diante de todo esse contexto só nos restam suplicas por paciência e misericórdia divina, isso se dignos formos.