Movimento ‘Quero um Teatro na Serra’ reivindica um espaço para a classe na cidade mais populosa do ES
Henrique Alves
Dia desses usamos argumento semelhante para falar de Vila Velha. Agora é a Serra.
O hoje mais populoso município do Espírito Santo, com 467.318 habitantes (IBGE, 2013) tem apenas nove salas de cinema (em shoppings) e nenhum teatro público. Foi a surreal ausência de um espaço teatral numa cidade com quase meio milhão de habitantes que estimulou a formação do movimento Quero um Teatro na Serra.
“Não ter um teatro na Serra é não respeitar o direito à cultura, que é
um direito constitucional”, critica o produtor cultural Rogério Morais,
integrante do movimento, que nasceu para sensibilizar políticos e
empresários acerca da importância do solo serrano conceber um teatro.
Informalmente, Rogério diz que hoje o município conta com mais ou menos
15 grupos teatrais.
Morais evoca um paradoxo. A bem-vinda Lei Chico Prego, a lei do
incentivo cultural do município, todo ano contempla projetos teatrais.
Mas onde os contemplados desenvolvem as ideias, se não há teatro? Aí
entra em cena o improviso, com o perdão do trocadilho. Ou vão para a
rua, ou se arrumam noutro lugar qualquer. O fato é que pouco adianta
ganhar um edital para honrá-lo tropegamente.
O movimento surgiu da óbvia insatisfação de um grupo de artistas
serranos com tal orfandade. Não apenas pela falta de um espaço
conveniente para a concepção, maturação e apresentação de um trabalho.
Mas também como uma alternativa de entretenimento para a população
serrana, que, aliás, não deve mais suportar ter sua cidade associada à
violência.
De acordo com o Mapa da Violência 2013, realizado com dados levantados
em 2011, entre os municípios brasileiros com mais de 20 mil habitantes, a
Serra ocupa a 18° posição na taxa de homicídios por grupo de 100 mil.
São 93,3 homicídios. O município apresenta números ainda mais
desalentadores para os jovens: com 239,9 homicídios, a Serra aparece em
10° lugar entre os 100 municípios com mais de 10.000 jovens.
O movimento também apresenta o argumento econômico. “Não é só acesso ao
teatro, mas também a economia da cultura. Quando se investe em cultura,
há geração de renda”, defende Morais.
Ainda não houve resposta de políticos ou empresários. Mas a mobilização
já conquistou a simpatia de outros artistas capixabas, como se vê no Facebook
do movimento: inúmeros artistas deram seu apoio à causa (como o
jornalista e cronista Jace Theodoro, o desenhista e dramaturgo Milson
Henriques, o ator José Luiz Gobbi e sua indefectível Creuzodete).
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