segunda-feira, 27 de junho de 2016

MOLHO DE PIMENTAS NUCLEARES: MAIS ARDOR E SABOR!


Recentemente fui surpreendido com um molho de pimenta que além de saboroso difere-se dos demais encontrados nas prateleiras dos mini, super e hipermercados.


Aquele pequeno vidro de pimenta de 150 ml, costumeiramente deixado sobre as mesas dos restaurantes, acompanhado do saleiro, paliteiro, azeite... passaria despercebido se não fosse dois motivos: o rótulo e o sabor.


O rótulo (acima) por ser irreverentemente divertido e o sabor por fugir do tradicional, revelando ardor que, quem experimenta, dificilmente ignora inscrição na embalagem e busca descobrir a origem e os ingredientes contidos no molho Pimenta do João”, feito com pimentas nucleares: as mais ardidas do mundo!


Primeiramente, deixo claro que essa postagem não é publicitária e o conteúdo apresentado visa informar e apresentar um produto diferenciado e incomum no mercado que desperta o interesse de muitos apreciadores desses frutos que estão presentes na mesa de milhões de brasileiros.

Segundo, esqueça todos os molhos de pimenta que já experimentou e prepare-se para mergulhar no curioso e fantástico mundo das pimentas nucleares! 
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Na ordem, entrevista com o teófilo-otonense João Augusto Cruz, 54 anos, residente em Governador Valadares (MG), formado na área da teologia, com mestrado em Ministério Urbano, pelo Gordon Conwell Theological Seminary, em Boston/USA, empresário responsável pela produção do molho "Pimenta do João".
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Por Ádson Lima
Blog Sítio Casarão
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BLOG - Como nasceu e quando teve início a produção do molho de pimentas nucleares? 

JOÃO - Há três anos. Morei 23 anos em Boston/USA onde trabalhei em restaurante e tive contato com pimentas de ardor extremo. Até então, a pimenta mais forte que conhecia era a nossa malagueta. A partir daí passei a estudar um pouco da história de cada variedade e, o melhor de tudo, degustar o fruto. Depois comecei a criar molhos artesanais que distribuía ou, às vezes, vendia para amigos e colegas de trabalho. Eles ficavam maravilhados com a qualidade, sabor e ardência. Passei então a comprar sementes das pimentas mais fortes do mundo e, quando retornei para o Brasil, resolvi cultiva-las. O molho de pimenta diferenciado foi surgindo aos poucos, depois que pesquisei o mercado, provando todos os molhos que encontrava nas gôndolas. Nenhum passou pelo crivo. Assim, para atender as pessoas que apreciam uma boa pimenta sem abrir mão da ardência e sabor, criei o molho só com pimentas nucleares.
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BLOG – Trata-se de um produto artesanal?  

JOÃO – Sim, o molho “Pimenta do João” é feito de forma artesanal, sem adição de produtos químicos e mantendo esse cuidado desde o trato com a plantação, uma vez que o controle de pragas e adubação é realizado de forma natural. 
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BLOG – Quantos trabalham na produção: do plantio a comercialização?  

JOÃO – Cinco: quatro colaboradores ficam envolvidos na colheita e no manejo da terra. Eu comando todo o processo da fabricação a comercialização. Como o meu negócio ainda é pequeno, remanejo meus colaboradores conforme as necessidades. Todos estão prontos para realizar uma variedade de tarefas, dentro do processo produtivo (envasar, rotular...). Mas, sempre que preciso, conto com a ajuda da minha esposa. As etapas: fabricação do molho e comercialização são por minha conta. 
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BLOG – No rótulo encontramos o termo “pimenta nuclear”. O que significa?  

JOÃO –  Pimenta nuclear é um termo usado para se referir às variedades de pimentas de ardor extremo, a partir de 1.000.000 de Unidades Scoville.  


BLOG – Scoville é uma espécie de unidade de medida, para pimenta?  

JOÃO – Sim. Uma unidade internacional, reconhecida em todo o mundo para medir o ardor (pungência) das pimentas chamada Scoville Heat Units, (SHU) Unidades de Calor Scoville. A pimenta dedo de moça, por exemplo, tem uma pungência de 5.000 a 15000 SHU; a malagueta de 50.000 a 70.000 SHU; Já a Bhut jolokia, 1.041.427 SHU, a Trinidad Scorpion, 1.463.700 SHU e uma Carolina Reaper, a pimenta mais ardida do mundo, segundo o Guinnes Book tem 2.200.000 SHU. Eu a considero a Bomba de Hidrogênio das pimentas! 
BLOG – Descreva brevemente as características e origem de cada um desses frutos contidos no molho que produz. 

JOÃO – A BHUT JOLOKIA é Indiana e foi a primeira a ser testada cientificamente que atingiu mais de 1 milhão na escala Scoville. Também é conhecida como Naga Jolokia, Ghost Chili, Ghost Pepper (pimenta fantasma) e Naga Morich. Já a TRINIDAD SCORPION BUTCH T é australiana e tão forte que é preciso usar luvas para manipulá-la. Recebeu o nome como prova de que para saboreá-la tem que ser macho: traduzindo para o português, Trinidad Scorpion Butch significa “Escorpião Macho de Trinidad”. Finalmente temos a CAROLINA REAPER, com seus incríveis 2.200.000 SHU, também chamada de "HP22B" (nome científico) é a mais ardida do MUNDO! Originária de Fort Mill, Carolina do Sul (EUA), foi criada por Ed Currie, cultivador de pimentas. Ela é recordista desde 2013.  

João: paixão que virou molho diferenciado!
BLOG – Você disse que o americano criou a Carolina Reaper. Ela é um híbrido? Atribuir o nome de uma mulher a uma pimenta tão ardida seria uma  homenagem a alguém?  

JOÃO – Sim, é um híbrido: resultado do cruzamento de duas pimentas extremamente ardidas, a Red Savina com a Bhut Jolokia. Essa pimenta é oriunda de Fort Mill, no estado americano de Carolina do Sul, daí nome. Aliás, não é a única pimenta com o nome de mulher, aqui, no Brasil, temos a pimenta da Neyde.  

BLOG – Vocês possui plantação de todas essas espécies?  

JOÃO – Sim. Tenho plantação própria das pimentas usadas no meu molho que são as três que descrevi (Bhut Jolokia, Trinidad Scorpion e Carolina Reaper) e tenho outras espécies nucleares e também exóticas.  

BLOG – Elas se adaptaram bem ao clima e terreno da região? 

JOÃO – Sim. Pimenteiras, no geral, gostam de sol e de terra úmida, sem encharcamento. Claro que é preciso cuidados no controle das pragas e o cronograma de adubação.  

BLOG – E tem praga que ataca pimenteiras com frutos tão ardidos? Que praga é essa? (rsss)  

JOÃO – As mesmas que atacam qualquer pimenteira, sem distinção: ácaros, pulgão, cochonilhas...  

BLOG – Você disse que tem plantação de outras espécies nucleares e exóticas... Essas exóticas são em que sentido: na ardência também ou na aparência, sabor...?  
JOÃO – São exóticas pela raridade ou particularidades: a pimenta da Neyde (nome de sua descobridora) é exótica por ser a única no mundo que não muda sua cor (preta) desde o nascimento; Pimenta Brazilian Ghost (fantasma brasileiro) nossa primeira pimenta nuclear, brasileira, a superar a barreira de 1.000.000 de unidades scoville (exatos 1.430.000 SHU); Pimenta Carolina reaper chocolate, madura apresenta a cor marrom escuro, como chocolate. No Brasil sou o único e um dos poucos, no mundo, a cultivar essa variedade. Essa pimenta é o resultado de um gene recessivo da Carolina Reaper vermelha que, naturalmente, nasceu em minha plantação. Especialistas no assunto, inclusive o próprio Ed Curie, criador da Carolina, confirmaram isso ou seja: processo 100% natural, sem interferência humana. 

Tenho também a pimenta de bode tradicional, pimenta de cheiro, Habanero alaranjada, Habanero chocolate, pimenta 7 Pod e a pimenta malaguetinha sem ardor, contrariando o que se conhece, também uma raridade.  

BLOG – Você tem outros produtos? 

JOÃO – Além do molho de pimenta, fabrico Geleia de Pimenta, também de forma artesanal, usando as frutas frescas da estação. 

BLOG – A geleia também é feita com pimentas nucleares?  

JOÃO – Sim, porém com ardor mais fraco, mais leve. O uso de pimenta nuclear no processo é controlado, suavizando o ardido.  

BLOG – Quem desejar adquirir o seu molho tem ponto de venda aqui, no Espírito Santo? 

JOÃO – Por enquanto não tenho um ponto de venda aí, mas estou trabalhando para isso. Por enquanto, os interessados podem comprar o molho Pimenta do João no Mercado Livre ou diretamente comigo, pelo WhatsApp (33) 9-8725-1937.  

BLOG – Você também comercializa essas pimentas in natura?  

JOÃO – Atualmente não. É complicado lidar com essas pimentas, pois estragam facilmente. Depois de colhidas, qualquer teor de umidade é o suficiente para deteriora-las. Tomei prejuízos no início por causa disso e hoje uso 100% da minha produção na fabricação dos molhos e geleia.  

BLOG – Então você está cadastrando representantes ou distribuidores interessados em vender o produto no Espírito Santo e em outros Estados? 

JOÃO – Sim. Estou procurando por representantes para atender a região do Espírito Santo e Sul da Bahia. Os interessados podem entrar em contato pelo e-mail: pimentadojoao@gmail.com  

BLOG – Dizem que as pimentas trazem proteção, prosperidade, sorte... Diante dessa crise econômica, cultivando as pimentas mais ardidas do mundo, elas tem te protegido ou ficam só no simbolismo? (rssss) 

JOÃO – Como eu gostaria que isso fosse verdade... Mas não passam de mitos populares.

5 comentários:

  1. Bom dia, parabéns equipe Casarão pela ótima matéria rompendo mitos, muito esclarecedora as informações sobre essas "danadas"!
    Parabéns ao produtor, pela inovação! Sucesso!
    Christina

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  2. Agradeço sua visita e comentário, Armazém Brasil.
    Sucessos!

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  3. Bom dia!!! Como essas pimentas fazem parte das nossas refeicoes, depois de ler a materia ate tirei algumas duvidas, super produtivo. Lembrando que a geleia e espetacular. Nao fico sem, super recomendo. Parabens Joao Augusto, essas pimentas surpreenderam meus amigos nordestinos, e a mim tbm. Abraco Casarao.

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  4. Lucas Lourenço, realmente são pimentas muito saborosas e enriquecem o sabor da comida. Como apreciador, após conhecer o molho do João, não pude deixar de fazer a matéria para que todos conheçam e apreciem esse produto diferenciado e curioso. Obrigado pela visita e comentário!

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  5. Lugar na Net onde comprar pimenta do João ,com esse nome

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