Um terço dos brasileiros conectados em casa
Cerca
de 33% dos brasileiros têm acesso à internet em casa, e quase a metade
deles utiliza banda larga. Esse número deixa o Brasil em 63º lugar, em
ranking de 154 países, na avaliação do número de pessoas com acesso
domiciliar à internet. Não
é grande coisa se comparando com a Suécia, que lidera o ranking com 97%
dos domicílios estando conectados à rede. E é mais uma daquelas
incoerências do nosso grande Brasil, que mostra muitas vezes como sabe
deixar seu povo na mão.
A
pesquisa foi realizada pela Fundação Getúlio Vargas. Para os
estatísticas referentes ao Brasil, a pesquisa usou dados do Censo 2010,
do IBGE. Segundo os dados, a cidade de São Caetano do Sul, no ABC
paulista possui o maior índice de PC’s conectados nos lares, com 69%. O
estudo ainda indica que dos brasileiros que acessam a internet em casa,
46,92% utilizam banda larga. Dos que não acessam em casa, 35,11% usam
centros públicos de acesso pago (lan-house), 31% acessam no trabalho,
19,7% usam em casa de amigos e parentes e 17,5% entram na web na
instituição de ensino. O acesso público gratuito é utilizado por 5,52%
da população.
Com
a web, temos muito mais informações disponíveis que em qualquer outra
época. Trata-se de uma ferramenta com inúmeras possibilidades,
servindo-nos na mediação de informações, músicas, vídeos, imagens,
games. O meio virtual possibilita uma maior democratização do
conhecimento, o usuário tem gratuitamente um acesso a uma quantidade
quase infinita de dados. Porém, apesar das estatísticas mostrarem um
crescimento da internet no país, fica claro também que as classes mais
pobres estão bem menos conectadas a rede que as mais ricas.
No
Rio de Janeiro, por exemplo, 56% de domicílios têm acesso à internet.
Na Barra da Tijuca, bairro nobre da zona oeste, esse índice chega a 94%.
Já na pobre favela vizinha, o Rio das Pedras, surge o menor índice da
cidade (21%).
Internet mais cara do Mundo
Ninguém
no mundo gasta tanto com internet quanto o Brasil, seja ela fixa ou
móvel.
De acordo com um estudo da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas
sobre Comércio e Desenvolvimento) divulgado no final de maio, para usar a
internet convencional através de um pacote ilimitado, cada Megabite por
aqui custa US$ 61 .Enquanto isso, a Turquia vende 2Mbps de internet por
US$ 30. O Vietnã tem 1,5 Mbps a US$ 8,72, sendo que estes países cobram
US$ 15 e US$ 6 pelo megabit, respectivamente.
A
segunda conexão média mais lenta de todo o mundo foi constatada numa
cidade brasileira. Itapema, em Santa Catarina, tem velocidade de 61
Kbps, e só não ficou em último porque a cidade de Algiers, na Argélia,
oferece o acesso a 56Kbps.
Quando
o assunto é web móvel a coisa não melhora. O megabit móvel brasileiro
sai por US$ 51. No Quênia, paga-se US$ 4; no Marrocos, US$ 7; no Vietnã,
US$ 2; e na Turquia, US$ 3. E não vou entrar aqui no mérito do celular,
pois nós brasileiros somos também os que mais pagamos no mundo quando o
assunto é telefonia celular. Um grande orgulho, não? Mas o que dizer,
somos um povo que sabe ser explorado.
Internet essencial
Uma
outra pesquisa dá dimensões da importância cada vez maior que a
internet tem para o brasileiro: 82% dos brasileiros com acesso a
internet consideram a web uma ferramenta indispensável e essencial para a
sobrevivência. “Este é considerado o meio de comunicação mais
importante pelos entrevistados. As pessoas incorporam a internet no dia a
dia. Muitos jovens nem conseguem avaliar o nível de importância das
ferramentas online porque a web faz parte da rotina diária dessas
pessoas”, comenta Fábio Coelho, que apresentou o estudo e é presidente
do Google no Brasil e da rede de associações Interactive Advertising
Bureau (IAB). Mas vale citar que o questionário foi feito por email, com
entrevistados que (obviamente) utilizam a internet no seu dia-a-dia.
Segundo
Coelho, 36% das pessoas navegam diariamente na internet durante
aproximadamente 2h. Outros 42% dos internautas passam mais de 2h online
todos os dias. “A web é a principal mídia usada para gerar
relacionamento entre as pessoas. O brasileiro é muito conectado e gosta
de se relacionar”, diz o presidente. Ainda na mesma pesquisa, 25% dos
participantes afirmam que passam o tempo livre assistindo a TV.
Na
universidade (em muitos casos), estar conectado a rede se tornou uma
necessidade básica e organizacional. Para Vicente Prado Nogueira, que
tem 22 anos e é estudante de jornalismo da UFRGS, a internet e elencada
como a ferramenta mais utilizada em sua rotina diária. “A rede virtual é
a biblioteca das novas gerações. Para qualquer coisa que precisamos
saber, a primeira referência em pesquisa que surge é sempre o Google,
fazemos longas e aprofundadas pesquisas na velocidade de um clique, os
temas relacionados aparecem linkados. O acesso aos emails também é um
processo vital para a organização e o cumprimento de tarefas de uma
pessoa do século XXI, se inserindo em nosso trabalho, na universidade e
na nossa vida no geral. Isso sem contar o Facebook, que faz muitas
pessoas levarem mais a sério a amizade virtual do que os amigos reais.
Tem ainda o Twitter, que e parece mais um disseminador de ideias e
pensamentos”, indica o estudante.
Internet Brasileira: uma das mais lentas do mundo
A
velocidade da internet brasileira é uma das mais lentas do mundo.
Segundo pesquisa da Akamai, uma empresa especializada em infraestrutura
de rede, a velocidade média da web brasileira é de 1,8 megabit por
segundo (Mbps), enquanto a mundial é de 2,3 Mbps. A Akamai mediu a
velocidade da internet em 50 países. E a média registrada no Brasil
deixou o país na 40ª posição da pesquisa, atrás de países como Letônia e
Romênia.
O primeiro lugar ficou com a Coreia do Sul, onde as pessoas
acessam a internet com uma velocidade média de 17,5 Mbps – ou seja,
quase 10 vezes mais rápida que a do Brasil.
A
discrepância entre os países é causada pelas diferenças na
infraestrutura de rede. Enquanto as operadoras da Coreia do Sul oferecem
o serviço de banda larga em alta velocidade por todo o país, as
operadoras daqui a oferecem somente em capitais. A maioria dos
municípios ainda oferece apenas links de 1 Mbps ou de 512 Kbps. Em
algumas regiões remotas do norte brasileiro, por exemplo, as conexões de
banda larga ainda não ultrapassaram os 256 Kbps.
As
operadoras têm feito investimentos modestos em banda larga e o governo
está ampliando o PNBL, projeto que visa espalhar cabos de fibra ótica
por todo o país e baratear o preço do serviço de internet rápida. Apesar
dos esforços, as iniciativas não deverão ajudar o Brasil a subir muitas
posições no ranking da Akamai nos próximos anos.
E
o Brasil perde muito com a lentidão da internet. Para a estudante
Mariana Ribeiro, 18 anos e moradora do Passo de Torres, com uma conexão
mais rápida, aumentariam as possibilidades dos usuários na rede virtual.
“O fato de o Brasil ter uma internet lenta é no mínimo injusto, pois é
um serviço que ainda custa caro para a grande maioria da população. Com
uma internet mais rápida, o conhecimento chegaria com maior velocidade
aos brasileiros, teríamos acesso facilitado a todas as informações e
possibilidades que a web oferece. E daí vai depender de cada brasileiro a
forma como esse conhecimento imediato irá ser utilizado”, conclui
Mariana.
Segundo
pesquisa da consultoria Teleco, as operadoras e o governo precisariam
gastar cerca de 100 bilhões de reais em infraestrutura para levar
internet de alta velocidade para todos os cantos do país. Como o valor é
muito alto para o mercado brasileiro, a tendência é que o Brasil não
acompanhe os demais países no crescimento da velocidade da web. O país,
por exemplo, ainda discute o leilão da tecnologia 4G, enquanto Coréia do
Sul, Estados Unidos e países da Europa já oferecem planos com a
tecnologia – que oferece velocidades de até 100 Mbps.
Apesar
das velocidades baixas e dos preços altos, o brasileiro não deixa de
usar a internet. Segundo a Akamai, o Brasil é, atualmente, o 8ª na lista
de países que mais trocam dados na rede. O Brasil seria responsável por
4,4% do tráfego de dados na internet. O volume é considerado bastante
expressivo. Ainda mais quando é comparado aos Estados Unidos, que
responde por 10% de todo o tráfego.
Veja abaixo os dez países com melhor infraestrutura de internet, de acordo com a Akamai.
País
|
Velocidade média de conexão
|
1º - Coréia do Sul
|
17,5 Mbps
|
2º - Japão
|
9,1 Mbps
|
3º - Hong Kong
|
9,1 Mbps
|
4º - Holanda
|
8,2 Mbps
|
5º - Letônia
|
7,8 Mbps
|
6º - Suíça
|
7,2 Mbps
|
7º - Irlanda
|
6,8 Mbps
|
8º - República Checa
|
6,7 Mbps
|
9º - Romênia
|
6,4 Mbps
|
10º - Bélgica
|
6,1 Mbps
|
40º - Brasil
|
1,8 Mbps
|
*Com informações de Tribuna Hoje, Revista Info, Exame e Galileu
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