Uma pesquisa desenvolvida na UFSCar mostra como crianças negras foram
retratadas no período pós-abolição dos escravos. Com imagens produzidas
entre os anos de 1880 e 1940, o trabalho inovador, tanto no Brasil
quanto no exterior, reúne fotos da vida cotidiana e escolar de uma
infância quase esquecida pela história.
Foram pesquisados museus e acervos históricos do Brasil, em São
Paulo, Salvador, Rio de Janeiro, Paraná, São Carlos e Dourados, e também
no exterior, em Paris e Portugal. Anete Abramowicz, docente do
Departamento de Teorias e Práticas Pedagógicas (DTPP) da UFSCar e
responsável pela pesquisa “Representações da Criança e da Infância na
iconografia brasileira dos anos 1880-1940”, conta que houve grandes
dificuldades para reunir as imagens, já que fotos de crianças negras no
século XIX e início do século XX, são bem raras, apesar de sua
importância social. “As crianças ocupam um lugar aparentemente
periférico na história em geral e isso se reflete na dificuldade em
encontrar imagens delas e sobre elas”, relata a professora.
Um dos principais sinais de uma infância negra perceptíveis nas
imagens recolhidas e em algumas fotografias do século XIX é a
experiência ligada ao trabalho e à escravidão. Ainda que não tenham
idade para realizar trabalhos, crianças pequenas, por exemplo, aparecem
às costas de suas mães para que estas tenham as mãos livres para os
afazeres. As imagens retratam também a proximidade das crianças com os
adultos, especialmente em relação ao modo como se vestem que não se
difere para cada faixa etária. O papel mediador dos pequenos também é
reconhecido, já que durante a escravidão, por exemplo, muitas crianças
negras realizavam a mediação entre sua família e a sociedade, ajudando a
compreender o Português, e recolhendo objetos que conseguiam andando
pela cidade.
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FONTE: PORTAL AFRICAS
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